Sobre

O objetivo deste espaço é escrever sobre a diabetes na escalada ou sobre escalar com diabetes, passando, é claro, por outros momentos que envolvem montanhas, como caminhadas em trilhas, pedaladas, conservação da natureza (meu trabalho e meus momentos de lazer), sempre acompanhada pela diabetes. Enfim, algumas aventuras que sempre fiz desde a minha “independência” com 16 anos mas que, há cerca de 1 ano, se tornaram doces aventuras e são acompanhada por canetas de aplicação de insulinas, agulhas, medidor de glicose, uma dezena de furos, e muita comida para evitar hipoglicemias em lugares remotos.

Indo um pouco mais além, o que a diabetes mudou na minha vida? Respondendo rapidamente, além dos itens assinalados acima (“meu pâncreas”) que tenho que levar sempre na minha bolsa e mochila, nada mudou… Ok, a mochila está mais pesada, e tenho que estar mais atenta nos números (o quanto está minha glicemia antes de comer, antes dos exercícios, antes e depois de escalar, o quanto de insulina tenho que me aplicar, o quanto de carboidrato estou comendo, já é meio-dia para eu tomar minha insulina lenta? Será que o medo que passei naquele lance liberou adrenalina a ponto de dificultar a ação da insulina?), mas fora isso, tenho a mesma vida, os mesmos hábitos, a mesma fome, me percebo mais e descobri que sou muita mais forte e cabeça boa do que eu pensava (o que foi uma bela surpresa!).

Fui diagnosticada com diabetes há um ano, coincidindo com minha mudança pro Rio de Janeiro. Muita coisa tenho aprendido, junto com o Alexandre (meu namoridão), que me ajuda a pisar mais leve nos ovos, e muita coisa ainda tenho que aprender e outras talvez nunca aprenda (nunca me conformei que o dia tenha só 24 horas, não dá tempo pra fazer tudo o que quero!).

Diabetes é uma doença séria e silenciosa, e se não for bem tratada, o que envolve o uso de medicamentos adequados e diversos procedimentos diários (que serão abordados nesse espaço), pode trazer complicações severas à pessoa, como cegueira, amputação de membros inferiores, insuficiência renal, etc.  Mas manter os níveis de glicose de sangue próximo ao de uma pessoa normal, com a realização da dextro (medir os níveis de glicose no sangue utilizando o glucosímetro), a insulinização (aplicação de doses de insulina), a contagem de carboidratos (que, de alguma forma, praticamente corresponde a 98,9% do que comemos – será que estou exagerando??) e a prática regular de exercícios (que ajuda as células a ficarem mais sensíveis à insulina, e assim a utilizar a glicose disponível – eba!)  não é nenhum bicho de sete cabeças (de duas e meia pode ser…). Nada como um dia após o outro, para continuar se cuidando e aprendendo.

Não sei até que ponto a escalada me ajuda a encarar de uma maneira mais tranquila a diabetes, mas com certeza tenho muito mais medo de inúmeros lances de escalada do que de me furar pelo menos 10 vezes ao dia!! (entre monitorar os níveis de glicose e aplicar a insulina). Algumas montanhas, só de pensar em escalar, me fazem suar a mão, enquanto determinadas comidas me fazem pensar se ela é realmente tão gostosa a ponto de me valer alguns furinhos (geralmente valem…).

É importante dizer que eu não sou médica e não estou recomendando nenhum tipo de tratamento para diabetes. Cada pessoa é uma e cada corpo responde de uma forma aos tratamentos, que devem ser acompanhados por médico especialista.

Espero com esse espaço conhecer mais montanhistas diabéticos, mais gente com Diabetes LADA, aprender mais, corrigir o que tenho feito de errado, motivar diabéticos a se cuidarem (e a subir montanhas!) e seguir a proveitando as doces aventuras dessa vida.

Beijos e até o próximo cume!

Aplicando insulina rápida no cume do Dedo do Deus
Aplicando insulina rápida no cume do Dedo do Deus
  • Alberto Jorge

    Ficamos muito felizes por você.