No dia 16 de abril de 2016, uma equipe de portadores de diabetes tipo 1 participou da 21° Volta à Ilha, que é uma corrida de revezamento de 140 km pela ilha de Florianópolis.
É a segunda vez que uma equipe inteirinha, composta apenas por diabéticos, participou dessa corrida, e é a 12° vez que uma equipe com diabéticos deixa Florianópolis mais doce.
A intenção dessas doces equipes, além de se divertir, é mostrar mais uma vez, que não há motivos para limitações por conta da diabetes.
E dessa vez, tive o super prazer de participar da Volta à Ilha, junto com mais 10 doçuras, compondo a equipe Diabetes & Desportes – ADJ: Alexei Caio, Carlos Mariano, Cláudio Mendonça, Jonas Cruz, Lívia Nonato, Marcelo Bellon, Melissa Monteiro, Miriã Fonseca, Rafael Reguss e Ricardo Correia. Alguns dos atletas, como o Alexei, Marcelo e Mariano, sempre participam dessa corrida, mas para a maioria, foi a primeira vez. E adivinhe! Já estamos esperando ansiosamente a corrida do próximo ano!
A corrida foi dividida em 22 trechos, variando de 4,7 km a 16,7 km, passando por praias, trilhas na mata, dunas, asfalto, rios, sob um sol escaldante.
A empreitada começou há alguns meses, com a organização da equipe e da logística feita pelo Alexei e treinos. Alguns percalços no caminho, como a Miriã que teve Zika Vírus um mês antes da prova, ou a Lívia que estava recém recuperada de uma infecção renal. Mas ainda bem que nada disso impediu a participação delas.
Fui de Curitiba para Floripa de carro, com o Ale, minha sogra e nosso primo Leo. Nós, da equipe mais doce dos arredores, nos encontramos em Floripa um dia antes, e o calor já acenava pra gente, prometendo ficar mais quente no dia da prova (e cumpriu o prometido!). Participamos do congresso técnico da prova e jantamos nos arredores, para dormir cedo.
No dia da prova, acordamos de madrugadinha e tomamos café no hotel às 3h30min. Nunca me imaginei sentir tão disposta acordando nesse horário, e ainda conseguindo comer em um horário tão esdrúxulo pro meu “corpitcho”. A ansiedade explica este tipo de coisa.
Às 4h organizamos as duas vans e partimos para o local da largada. Depois de algumas fotos, o Alexei saiu correndo às 4h45, e nos dividimos nas vans para ir ao próximo ponto da corrida.
Em cada ponto, pegávamos o atleta que estava correndo, e deixávamos outro para correr o próximo trecho e as vans praticamente alternavam os pontos. A parte que mais me deixou ansiosa era esperar o atleta que estava correndo. Cada vez que escutava os organizadores da corrida gritando “dois, nove…” já me dava um nó na barriga esperando vir o “sete” (o número da nossa equipe era 297). Lembrando disso agora, até me deu uma enjoadinha de nervoso novamente…
De manhã bem cedinho, apesar de quente, estava agradável, com nuvens, parecia que até ia chover. Mas a partir das 9h30, as nuvens evaporaram e algum fenômeno ocorreu quando eu estava correndo na praia, que nem vento tinha!! Agora que moro em terras curitibanas novamente, a brisa da praia no calor das 11h da manhã, nem faz cosquinhas…
O meu trecho começava na praia (uns 300 m), depois entrava numa trilha subindo e descendo um morro, com muita lama (apesar de que teve gente que gostou da minha nova calça, como pode ser visto na foto, não estava lançando moda). O que foi divertidíssimo, me senti em casa, apesar de não ter lama assim no morro do meu quintal.
Depois, mais uns 2 km de praia e sol, que me pegou de jeito, muito calor, não podia nem olhar para o mar pra não correr na direção errada. Consegui ser forte e me concentrar na corrida, chegar no posto e passar a pulseira para a Mel. Depois, fui dar um mergulho merecido e me “despir” da minha calça.
Corri com a glicemia alta (245), achando que ela ia baixar com a corrida e o calor, o que geralmente ocorre, e não apliquei insulina antes de corre para corrigi-la. Mas, no final da corrida, a glicemia estava igual, não diminuiu. Então corrigi e segui o resto do dia sem hiper nem hipos.
Mesmo com o calor e o trânsito de Floripa, conseguimos completar todos os trechos a tempo. No final, o motorista da van teve que acionar o plano C e pedir pro filho trazer a moto, para levar o Cláudio, o último corredor, para o último ponto, pois ficamos mais de 30 minutos completamente parados.
Ainda que com alguns percalços pelo caminho, muitas medições de glicemia, algumas hipos e hiperglicemias, muito trânsito e calor, muita sede, alguns banhos de mar, febre e alguns vômitos, conseguimos completar a corrida a tempo. Antes das 20h o Claudio chegou na chegada (redundante?) e com parte da equipe que já tinha conseguido chegar com a van, cruzou o pódio. A nossa van chegou um pouco depois, mas conseguimos tirar fotos oficiais, com as nossas medalhas, mostrando para todo mundo que temos diabetes sim, e estamos firmes e fortes, correndo pra vida. O Emerson Bisan, também diabético, correu a prova em dupla!!
Após a corrida, voltamos pro hotel, tomamos banho e fomos comemorar, merecidamente, em uma pizzaria próxima ao hotel (obs: nunca vi tanta coca zero sendo vendida ao mesmo tempo!).
Foi uma experiência super legal, é ótimo conhecer pessoas com diabetes que não se limitam pela condição crônica, pelo contrário, se respeitam e se cuidam mais. Floripa é linda (no dia seguinte rolou praia, cachoeira e trilha com a família!), e ano que vem tem mais!!
Para saber mais sobre a equipe Diabetes & Desportes que participou da 21° Volta à Ilha, leiam estas matérias:
- Clube do Diabetes: Equipe de DM1 participou da Volta à Ilha em Florianópolis
- Bora Treinar: Volta à Ilha: Rafael Reguss é “Diabetes e Desportes”
- Bora Treinar: Volta à Ilha: Galiana Lindoso é “Diabetes e Desportes”
- Bora Treinar: Volta à Ilha: Jonas Viotto é “Diabetes e Desportes”
- Bora Treinar: Volta à Ilha: Miriã Fonseca é “Diabetes e Desportes”
- Portal ADJ: Equipe de atletas com Diabetes participa da 21 Volta à Ilha de Florianópolis
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