Tivemos que fazer um trabalho em Salvador, e como sempre a gente tenta (mas nem sempre consegue), emendamos a viagem a trabalho com uns dias de escalada, aproveitando um feriado que estava beirando a nossa viagem.
A ideia inicial era ir pra maravilhosa Chapada Diamantina <3… mas Chapada Diamantina é complicado: uma vez que você está lá, não quer mais sair, então minimamente precisamos de umas boas férias para Curtir (com C maiúsculo) a Chapada como ela e nós merecemos! Além disso iam ser muitas horas de carro, e conversando com amigos escaladores, “descobrimos” entre Salvador e Lençóis, Itatim! O nome já é promissor: todo escalador (e geólogo) adora um lugarzinho que tem “Ita” no meio, que quer dizer “pedra” em tupi.
Muito trabalho em Salvador, mas aos trancos e barrancos conseguimos fazer tudo que devíamos: alugar um carro, reservar lugar no refúgio, insulina OK, glucosímetro OK, lanchinhos de viagem OK, e pegar a estrada.
Depois de algumas horas de viagem, chegamos anoitecendo em Itatim e encontramos o refúgio e a “guardadora da chave“. A cidade é bem pequena, sem nenhum atrativo, no meio da caatinga. Saímos para comer algo, encontramos uma pizzaria. Entre um gole de cerveja e outro, parou uma caminhonete e logo pensamos “tem escalador aí dentro” (afinal, quem no meio da caatinga teria mochilão no bagageiro do carro?). De dentro do carro pulou um casal, nos olharam e perguntaram: “escaladores?”… no que respondemos “sim….”.
Estávamos acabando de conhecer a Grazi de BH e o Vinicius (que mora em Salvador), que seriam nossos companheiros de refúgio (a casinha onde nos hospedamos na cidade) e de escalada nos próximos dias, e no dia seguinte, chegaria a Renata, de Sampa. Eu “carioca”, o Ale é curitibano, e Itatim tornou-se uma cidadezinha bem cosmopolita…
Itatim, para escalar, é um local impressionante. Logo avistamos o Morro da Toca, que tem uma cova imensa. Muita pedra linda em pleno sertão baiano, com vias de todos os níveis de dificuldade e tamanhos, alegria para todos. Na época em que fomos (junho), o clima é muito bom, pois não faz um calor insuportável, com muitas nuvens e algumas chuvas para dar mais uma refrescada.
Com nossos novos amigos, escalamos no setor esportivo da Morro da Toca e fomos conhecer o setor Jararaca (só via difícil, de muita força, mas o visual é incrível). Também fomos na via Arco da Toca, mais longa, mas como estávamos em muita gente e com muita pedra solta, fomos mais devagar e logo estava prestes a escurecer, e antes da última cordada, resolvemos voltar pro chão sem terminar a via, mas tivemos o prazer de passar um tempo dentro da “Toca”, tirando fotos, conversando e admirando o visual.
Eu e Ale escalamos uma via de 200 metros de 3* grau (bastante fácil), que chegava no cume do Morro da Toca. Aproveitei a oportunidade única (onde no mundo tem via tão fácil deste tamanho?) para guiar todas as cordadas e fazer os procedimentos o mais rápido possível (afinal, também é treino para roubadas maiores), e dar a oportunidade única pro Ale carregar a mochila durante toda a escalada 🙂 . Isso inclui, entre uma esticada e outra de corda, verificar a glicemia e comer (engolir) uma barrinha básica para não ter hipoglicemias durante a escalada.
E como sempre, principalmente em vias mais longas, verificar a glicemia antes de escalar, verificar a glicemia depois de escalar, verificar a glicemia durante a escalada, e por fim, aplicar a insulina ou comer algo para a devida correção da glicemia.
O que tenho feito também nas escaladas mais longas é usar um cinto de lycra (azul, nas fotos), com bolsos, onde é possível levar algumas barrinhas caso precise comer algo rápido, sem ter que abrir a mochila no meio da escalada para isso (dependendo da escalada, tenho que comer algo a cada esticão de corda). Essa foi uma dica da Miriã, que também tem diabetes, e carrega a bomba de insulina nesse cinto quando vai correr. E para o calor do nordeste e das pedras, tenho levado as canetas de insulina numa bolsinha térmica que também é bem prática: além de pequena, ela possui um gel que deve ser hidratado, e assim protege as insulinas do calor.
O visual do cume é lindo, alucinante, maravilhoso, e Itatim é um lugar que já colocamos na nossa lista para voltar!!
Beijos e até o próximo cume!